“[…] deixamos nossa contribuição para que o museu melhore a comunicação. O esforço tem que ser de troca” 
Kanawayuri L. Marcello Kamaiurá
Vídeo nº 03

Assim que a antropóloga Luiza Valentini informou à equipe do MAE/UFBA da intenção de visita dos pesquisadores Kamayurá, iniciou-se uma longa etapa de preparação para a visita, com cursos de formação, pesquisa documental, especificamente a equipe de conservação composta por Mara Vasconcelos e Celina Rosa realizou higienização do acervo, fotografias entre outras ações que possibilitaram a organização e o acondicionamento das peças. Também foi formulada uma disciplina, Antropologia e Museu, em parceria da graduação e da pós-graduação, ministradas por Marco Tromboni e Paride Bolletin.

Na visita dos pesquisadores Kamayurá, acompanhamos a visita à exposição de longa duração ‘O Semeador e o Ladrilhador’, que expõe algumas peças Kamayurá coletadas por Pedro Agostinho da Silva, na década de 1960, bem como artefatos arqueológicos resultados da pesquisa de Valentin Calderón. Na Reserva técnica de etnologia os próprios pesquisadores Kamayurá avaliaram o acervo em conjunto com a equipe do MAE. A partir da visita à reserva, a equipe do MAE/UFBA provocou os pesquisadores Kamayurá a escolherem objetos que eles consideraram representativos de sua cultura, e que não estavam na exposição de longa duração resultando nessa seleção aqui exposta.

É importante ressaltar que hoje, após o incêndio do Museu Nacional, o MAE/UFBA é responsável pela preservação e comunicação do maior acervo Etnográfico Kamayurá em uma instituição museal do Brasil. Cientes dessa enorme e gratificante responsabilidade a visita de Kanawayuri L. Marcello Kamaiurá, Auakamu Kamayurá, Kaluwayá Kamayurá se apresentou como uma oportunidade única de ressignificar esse acervo para os Kamayurá e para o Museu dos dias de hoje.

A equipe do MAE/UFBA tem trabalhado com afinco e enfrentando todas as dificuldades geradas pela pandemia da COVID-19 para oferecer ao público uma exposição a altura da interação que tivemos com os pesquisadores Kamayurá e que reflita esse processo de construção coletivo que envolve também os professores e alunos do curso de museologia da UFBA, notadamente a Professora Sidélia Santos, que idealizou uma disciplina no formato à distância cujas discussões envolveram também os técnicos do do IBRAM/Tainacan e Kanawayuri L. Marcello Kamaiurá.


Foto da página inicial. Ritual Kwarìp. Homens paramentados circundam o apenap – cerca baixa de madeira — que cerca as sepulturas dos membros da classe morerekwat.  Fonte: coleção Pedro Agostinho da Silva, MAE/UFBA

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Objetos Kamayurá selecionados: significados, funções e modos de fazer.